
As ações da varejista Natura (NATU3) recuavam forte nesta terça-feira (11), após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2025. Às 11h55 (horário de Brasília), os papéis da companhia caíam 15%, a R$ 7,82.
A XP classificou os resultados como fracos no 3T25, com a desaceleração do crescimento impactada por um ambiente macroeconômico desafiador e pelos ventos contrários da Onda 2, o que levou a uma desalavancagem operacional.
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Na avaliação da XP, a companhia enfrentou um trimestre complicado, com dificuldades em ambas as divisões e marcas. O cenário macro pesou sobre Brasil/Argentina, enquanto a Onda 2 (que inclui integração operacional em países como México e Argentina) e câmbio pressionaram a operação hispânica.
O Itaú BBA também avaliou o resultado da Natura como negativo, destacando que a empresa ficou abaixo das já baixas expectativas e deve passar por novas revisões para baixo nas projeções. A desaceleração do consumo no Brasil, somada aos desafios na implementação da Onda 2, levou à contração das receitas e a uma forte pressão sobre as margens.
O Ebitda ajustado foi de R$ 577 milhões, queda de 34% em relação ao ano anterior e 10% abaixo da estimativa do BBA, com margem 3,5 pontos percentuais menor. O ṕrejuízo foi de R$ 119 milhões, ante uma projeção de lucro de R$ 168 milhões. A geração de caixa permaneceu fraca, com queima de R$ 47 milhões em fluxo de caixa livre.
Para o Itaú BBA, mesmo diante de expectativas modestas, a deterioração das receitas e margens foi maior do que o esperado, o que pode minar ainda mais a confiança do mercado e atrasar uma recuperação das ações. O banco prevê revisões negativas nas estimativas de lucro do consenso, hoje em torno de R$ 1,4 bilhão.
O Itaú BBA destacou ainda que a venda da Avon International para o fundo Regent, prevista para ser concluída no primeiro trimestre de 2026, reduz riscos estruturais e elimina uma operação deficitária, mas ainda gera incerteza no curto prazo. Caso a transação atrase, a empresa pode precisar de suporte adicional de liquidez, cenário que o banco não considera base.
A geração de caixa segue sendo um ponto fraco, com consumo de R$ 47 milhões (excluindo recompra de ações). A Natura encerrou o trimestre com dívida líquida de R$ 4 bilhões e alavancagem de 2,9 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses (impactado pelo fraco 4T24). O Itaú BBA espera que esse índice caia para 1,2 a 1,3 vez até o fim de 2025.
Para JPMorgan, a Natura voltou a apresentar tendências operacionais fracas no terceiro trimestre. Segundo o banco, o desempenho foi prejudicado por uma combinação de fatores: cenário macroeconômico desfavorável no Brasil, condições de crédito mais restritivas, interrupções operacionais que impactaram a receita e consequente desalavancagem operacional, em meio a despesas gerais e administrativas (G&A) ainda em crescimento.
“A alavancagem aumentou no trimestre, atingindo mais de 3 vezes a relação dívida líquida/Ebitda, o que limita a capacidade da companhia de realizar distribuições de caixa adicionais, especialmente diante da geração de caixa praticamente estagnada”, disse o JPMorgan.
Segundo Goldman Sachs, os números fracos refletem vendas estagnadas na operação principal da marca Natura no Brasil, queda nas vendas da Avon no Brasil e na América Latina e impactos negativos da Onda 2 na Argentina, além da consolidação de plantas no Brasil.
Perspectivas
Olhando adiante, analistas da XP esperam que a dinâmica desafiadora persista no 4T25, ainda que com uma leve melhora sequencial, à medida que a Onda 2 mature no México e Argentina e a Natura implementa medidas táticas de eficiência que devem evoluir para iniciativas estruturais, impulsionando ganhos de produtividade. “Além disso, não foi necessário novo aporte de caixa para financiar a Avon Internacional, o que pode aliviar preocupações de investidores com esse ativo”, destacam.
O BBI, por sua vez, comenta que o 4º trimestre não parece ser um ponto de virada do ponto de vista do crescimento. Do ponto de vista da lucratividade, a empresa reiterou a projeção de expansão anual da margem EBITDA em 2025, mas isso não deve ser uma tarefa difícil, já que a dos primeiros nove meses está apenas 0,30 ponto percentual (pp) abaixo do ano anterior, a 13,4%, enquanto a base comparável do 4º trimestre é mais fraca, a 9,6%.
Em relação aos custos de transformação, o BBI avalia que caso a meta de até R$ 483 milhões seja atingida, ainda será necessário investir até R$ 160 milhões no 4º trimestre, e nada a partir do 1º trimestre de 2026.
Segundo o Morgan Stanley, embora a administração tenha adotado um tom construtivo em relação ao controle de despesas nos próximos trimestres, a combinação de pressões no segmento Brasil e dos impactos da implementação da Wave 2 resultou em um trimestre bastante desafiador.
Potencial de alta limitado
Para o BBA, o potencial de valorização das ações permanece limitado até que a empresa comprove melhora consistente na geração de caixa e avance em marcos estratégicos. O ambiente operacional segue desafiador, e as incertezas de curto prazo continuam pesando sobre o sentimento dos investidores, o que deve restringir o desempenho das ações no futuro próximo. Apesar disso, o BBA reiterou recomendação equivalente à compra, com preço-alvo de R$ 13. O BBI também reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 17.
O Goldman Sachs e JPMorgan mantiveram recomendação neutra, com preços-alvo de, respectivamente, R$ 13 e R$ 10,50.
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