Crédito estruturado ganha força e atrai investidores brasileiros ao exterior

Marc Forster, head da Franklin Templeton no Brasil, participa do Outliers Infomoney.

O apetite do investidor brasileiro por crédito privado segue alto, mesmo diante de um cenário de spreads comprimidos e juros elevados. Essa dinâmica, porém, tem levado parte do mercado a buscar novas oportunidades fora do país — especialmente em instrumentos de crédito estruturado, como os CLOs (Collateralized Loan Obligations).

O movimento é apontado por Marc Forster, head da Franklin Templeton no Brasil, como uma tendência de sofisticação do investidor local, cada vez mais aberto a estruturas internacionais de renda fixa.

“Foram anos de compressão de spreads e, agora, o investidor precisa ser mais seletivo. O crédito no Brasil ainda tem oportunidades, mas já não é uma aposta tão óbvia como antes”, afirmou Forster, destacando que o ambiente de juros altos no país tem incentivado uma migração para ativos globais.

Segundo o executivo, a busca por crédito fora do Brasil tem se intensificado.

“O investidor percebe que pode acessar retornos ajustados ao risco mais interessantes em estruturas consolidadas, como o crédito estruturado internacional”

— Marc Forster, head da Franklin Templeton no Brasil.

Forster participou do podcast Outliers Infomoney, apresentado por Clara Sodré e Fabiano Cintra.

Entre as maiores gestoras do mundo

Com quase 80 anos de história e mais de US$ 1,5 trilhão sob gestão, a Franklin Templeton figura entre as maiores gestoras do mundo.

No Brasil desde o início dos anos 2000, a companhia administra cerca de R$ 43 bilhões e atua em diversas frentes, de renda fixa e multimercados a soluções customizadas de portfólio.

“A Franklin sobreviveu tanto tempo porque sempre evoluiu com o mercado, seja desenvolvendo competências internamente ou adquirindo gestoras especializadas”, observou Forster.

Nos últimos anos, a casa fez aquisições estratégicas para fortalecer sua presença no crédito estruturado, incluindo a BSP (2019), Alcentra (2022) e Pera (2024).

Essas operações, segundo Forster, permitiram à gestora ampliar seu portfólio global e oferecer aos investidores uma gama diversificada de produtos de renda fixa.

CLOs ganham espaço como alternativa ao crédito local

O tema central da entrevista foi o avanço dos CLOs — instrumentos financeiros que securitizam empréstimos corporativos com garantias, divididos em tranches de diferentes níveis de risco e retorno.

Segundo Forster, essa estrutura se assemelha aos FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) brasileiros, mas com maior transparência regulatória e pulverização de riscos.

“O CLO é composto por centenas de empréstimos corporativos, e cada tranche representa um nível de prioridade de pagamento. Isso permite ao investidor calibrar o risco conforme seu perfil”, explicou.

Ele destacou que o mercado americano de CLOs movimenta cerca de US$ 1,5 trilhão, enquanto na Europa o volume chega a US$ 250 bilhões, reflexo de décadas de maturidade nesse segmento.

Forster também lembrou que a popularidade desses instrumentos cresce à medida que os spreads dos títulos tradicionais se comprimem.

“O CLO oferece uma forma de emprestar dinheiro para empresas fora do investment grade, mas de maneira pulverizada e mais segura. É uma alternativa intermediária entre o crédito corporativo tradicional e o high yield”

— Marc Forster, head da Franklin Templeton no Brasil.

Brasil avança em regulação e educação financeira

A recente expansão dos FIDCs no Brasil — que saltaram de R$ 140 bilhões para R$ 720 bilhões em patrimônio líquido nos últimos dez anos — é vista por Forster como um indício de amadurecimento do investidor local, que agora começa a olhar para estruturas mais complexas.

“Há alguns anos, seria impensável falar de FIDC com pessoa física, e hoje esse produto é discutido com naturalidade. O mesmo começa a acontecer com os CLOs”, disse.

Para ele, o avanço da regulação, como a ICVM 175, contribui para ampliar o acesso e a transparência dos produtos de crédito no país, assim como aconteceu nos mercados internacionais.

“Com mais educação financeira e um arcabouço regulatório robusto, o investidor brasileiro está pronto para dar o próximo passo em sofisticação, buscando yield de forma consciente e diversificada”, completou.

A Franklin Templeton, que mantém estratégias focadas em CLOs europeus, vê nesse tipo de ativo uma oportunidade de diversificação geográfica e de risco.

“O mercado europeu ainda é predominantemente institucional, o que mantém os prêmios mais altos do que nos Estados Unidos. É um campo fértil para investidores que querem se posicionar globalmente com segurança”

— Marc Forster, head da Franklin Templeton no Brasil.

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